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ENTREVISTA COM A ATLETA LUCIANA SILVEIRA

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No último dia 6 de agosto, Luciana Pereira da Silveira conquistou o bicampeonato do World Field Target Championship (WFTC), na categoria Springer Lady. A catarinense somou 88 pontos nos três dias de competição, 17 a mais do que a segunda colocada, a lituana Regina Burviené. A competição, disputada em Roma, na Itália, reuniu 153 competidores de mais de 20 países. O primeiro título mundial de Luciana foi em 2019, na Inglaterra. O tiro esportivo faz parte de sua vida há sete anos por incentivo do marido e também atleta do Field Target, Adolfo de Collo. Já na vida profissional, a bicampeã mundial escolheu a fisioterapia porque considera uma oportunidade a mais para ajudar as pessoas.

Qual a comparação entre os títulos mundiais de 2019 e de 2022?
Luciana – No WFTC 2019, cheguei lá e peguei um equipamento novo para competir. Então foi uma surpresa ter ficado em primeiro lugar, pois não tive tempo para me adaptar e treinar com o equipamento. Mas me senti confortável, o que gerou um bom resultado. O clima era agradável (nem frio, nem calor), tinha muito vento, mas como a prova foi feita entre árvores o vento era amenizado. Depois disso veio a pandemia, passamos dois anos sem mundiais e quase sem provas no Brasil. Foram dois anos de treino e adaptação ao equipamento.

No WFTC desse ano, estava mais preparada, mais confiante em mim e no equipamento. Fui esperando fazer uma pontuação inédita e alta, porém, chegando lá, me deparei com uma realidade que não temos aqui nas nossas provas. Muito calor e muito vento, sem contar que tive uma intoxicação alimentar na viagem e passei muito mal uns dias antes da prova. Foi um teste físico, mental, de resistência e de habilidades. Estava realmente difícil, a prova mais difícil que fiz na vida. Meu resultado não foi como estava esperando, mas diante das circunstâncias foi excelente. Fiquei 17 pontos à frente da segunda colocada e quase entre os dez no geral. Estou muito feliz com o resultado.

Quando e por que começou no tiro esportivo?
Luciana – Foi há quase sete anos, no final de 2015. Na verdade, nunca tinha pensado em tiro esportivo, até que meu marido (na época namorado) insistiu pra eu dar uns tiros com a carabina dele. Quando vi que levava jeito, não teve mais volta.

E por que o Field Target?
Luciana – O que eu mais amo nessa disciplina é estar em contato com a natureza e o fato de nunca saber como será a prova. É sempre um novo desafio porque se chove, se faz frio, se esquenta, se venta, tudo muda. Todos os fatores externos influenciam, dificultam e tornam cada prova única.

Como surgiu o interesse pela fisioterapia?
Luciana – Sempre gostei de estudar o corpo humano e o funcionamento dele. Também sempre pratiquei esportes, fiz dança, gosto de estudar o corpo em movimento, entender o que se passa quando ele não responde. Além disso, gosto de poder ajudar as pessoas. Tudo isso casa muito com a fisioterapia.

Dá para conciliar o tiro esportivo e a fisioterapia?
Luciana – Todo o tempo que tenho divido entre estudar e treinar. Sempre tento usar meus conhecimentos da fisioterapia nas práticas do tiro esportivo, treino de resistência, postural, respiração, concentração, autocontrole. Tudo ajuda.

Como é a presença da família na carreira esportiva e profissional?
Luciana – Sempre tive muito apoio da minha família e do meu marido, tanto no esporte quanto no profissional. Todos sempre me incentivaram e torceram por mim, sou muito grata por isso. Com certeza, no tiro esportivo, meu maior fã, torcedor, treinador, incentivador, patrocinador, admirador é meu marido. Se não fosse por ele, não seria nada nesse esporte.

Quais seus planos para o futuro?
Luciana – Sigo treinando e tentando melhorar cada vez mais. Melhorar a cada competição, aprender algo com cada prova que participo. Esse ano vou em busca do título Brasileiro. Em 2023 tentar um tricampeonato mundial e também ficar entre as dez melhores do mundo. E assim por diante.

Uma mensagem para as mulheres que estão começando no tiro.
Luciana – O tiro esportivo ainda é um ambiente muito masculino, há poucas mulheres, pouco incentivo. Isso as vezes intimida, mas não desistam. Continuem, dediquem-se! Nós podemos conquistar muitas vitórias, só depende de nós mesmas.

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