Sai a frieza do leste europeu e entra o calor humano sul-americano. É desta forma que a equipe de pistola do tiro esportivo do Brasil vai se preparar nos sete meses que faltam para os Jogos Olímpicos de 2016. Nesta segunda começou o trabalho do novo treinador dos atletas olímpicos do país, o colombiano Bernardo Tobar. Aos 65 anos, ele ocupa o lugar do búlgaro Lyuben Popov, que trabalhou por cerca de dois anos.
Tobar chegou ao centro de tiro esportivo da Escola Naval respaldado pelos sete títulos em etapas da Copa do Mundo e duas medalhas de ouro em Jogos Pan-Americanos como atleta. Foi treinador de seu país nos Jogos Olímpicos da Juventude em 2014, em Nanjing. No próximo mês de agosto ele pretende conquistar uma medalha que não conseguiu em quatro participações olímpicas. Em três oportunidades chegou à final. E três será o número de atletas que vão defender o Brasil na pistola do Rio 2016: Felipe Wu (pistola de ar) e Emerson Duarte (pistola de tiro rápido), já garantidos, e Julio de Almeida, à espera da confirmação da vaga na pistola livre. O trio conquistou três medalhas no Pan de Toronto: Felipe e Julio foram ouro, e Emerson, prata.
Ao receber o convite da Confederação Brasileira de Tiro Esportivo (CBTE), Tobar percebeu que o objetivo era palpável:
– Foi uma retomada da minha carreira esportiva. Quando me propuseram o trabalho vi que poderia fazer um bom papel com os atletas daqui. A medalha olímpica foi a única que me escapou. Este trabalho tem que ser uma continuação. Estamos a apenas sete meses dos Jogos e o que dever ser feito são ajustes pequenos. É um tempo suficiente para se fazer isso – disse Tobar.
Emerson perdeu a medalha de ouro nos Jogos Pan-Americanos de Toronto por um ponto. Para ele, uma atenção maior do treinador pode fazer a diferença.
– Ele tem uma experiência muito grande. O fato dele ser da América do Sul ajuda, temos afinidade. Trabalhamos com técnicos europeus por muito tempo. Tobar foi um grande atirador nas três modalidades da pistola, tiro rápido, pistola de ar e pistola livre, o que é muito difícil. Sabemos que não há milagre de em um ano, dois anos, melhorar o resultado. Mas em um nível elevado um ponto pode significar uma medalha ou classificação para a final. Um conselho de um técnico, uma orientação e uma palavra pode acrescentar – disse.
Diretor técnico da CBTE, Ricardo Brenck afirma que faltava ao búlgaro Popov um atendimento mais próximo, e que o desafio da medalha moveu Tobar.
– Nós latinos precisamos não só de um atendimento técnico, mas também pessoal, de proximidade, quando o atleta em um momento de tensão pergunta (ao treinador) se está tudo bem. Popov não conseguiu se adaptar a essa necessidade. Ele simplesmente não participava disso e os atletas não aceitaram. O Bernardo era treinador na Colômbia, que é um país pequeno no tiro esportivo. O único título que ele não tem é o olímpico. Ele aceitou nosso convite como desafio e só veio porque enxergou a possibilidade de medalha dos três atletas.
O tiro esportivo tem três disciplinas: carabina, pistola e tiro ao prato. Ao todo, distribui 45 medalhas nos Jogos Olímpicos. O Brasil já tem vaga nos Jogos com Renato Portela e Daniela Carraro, no Skeet, Roberto Schmits e Janice Teixeira na fossa olímpica, e Cassio Rippel na carabina.