O Comitê Olímpico do Brasil (COB) completa 110 anos neste sábado, dia 8 de junho. Primeiro Comitê Olímpico Nacional da América do Sul, o COB chega a 2024 com uma longa história de conquistas e com o desafio de manter em Paris, a partir do dia 26 de julho, o sucesso que vem alcançando em missões internacionais nos últimos anos.
O investimento no Time Brasil e o repasse de verbas aumenta a cada ano. Nunca se investiu tanto nas modalidades olímpicas quanto neste ciclo, o que, atrelado à dedicação dos atletas e comissões técnicas, explica, em grande parte, os resultados inéditos alcançados nos últimos eventos.
Prova disso são os Jogos Pan-Americanos de Santiago 2023. No Chile, o Brasil faturou 205 medalhas, o que o consolidou em segundo lugar no quadro geral. Não bastasse isso, também no ano passado, os atletas brasileiros levaram ainda 20 medalhas em Mundiais ou competições equivalentes, em dez diferentes modalidades.
“O COB tem trilhado um caminho de evolução e conquistas memoráveis para o esporte nacional, promovendo o Olimpismo em todo o país, além de nutrir talentos e inspirar gerações de atletas a atingirem seu pleno potencial. Ao refletirmos sobre a nossa trajetória, também olhamos para o futuro com garra e otimismo. Os desafios que enfrentamos são significativos, mas a nossa determinação é ainda mais forte. Estamos comprometidos em promover uma cultura de inovação, integridade e inclusão capazes de elevar o esporte olímpico brasileiro a novos patamares”, destaca Paulo Wanderley, presidente do COB.
Além do aporte financeiro para o desenvolvimento do esporte, outro componente importante que tem contribuído efetivamente para a preparação dos atletas foi a criação do Centro de Treinamento do Comitê Olímpico do Brasil, instalado no Parque Aquático Maria Lenk, no Rio de Janeiro, e que vem sendo aprimorado e modernizado a cada ano, desde 2015.
O local tem como meta dar suporte às seleções brasileiras de base e adultas oferecendo estrutura de primeira por meio das áreas de Saúde do Atleta, Ciência e Tecnologia Esportiva, e Preparação Esportiva, que, juntas, compõem o conceito do Laboratório Olímpico. O complexo conta com salas de Esportes de Combate, Força e Condicionamento, Descanso e Avaliação e também abriga o CT de Ginástica Artística, na Arena da Barra.
“Pilares como austeridade, meritocracia e transparência são alguns dos pontos que norteiam a gestão do COB nos últimos anos, o que se reflete diretamente no resultado esportivo. Temos o objetivo de sempre evoluir em todas as ações que fazemos. Não à toa o país melhora a cada ano em termos de desempenho nas competições multiesportivas. Em Paris, nosso pensamento não pode ser diferente”, afirma Paulo Wanderley.
“É muito claro para todos nós que a missão do COB é desenvolver e representar o esporte de alto rendimento do país e, por isso, seguiremos trabalhando para oferecer as melhores condições de preparação nesta reta final a nossos atletas e equipes. Temos muita confiança no nosso trabalho e na capacidade dos nossos profissionais”, completa.
Responsabilidade social, ambiental e de governança
Ciente da importância em seguir elevando a maturidade de sua gestão, das confederações filiadas e de fortalecer a imagem do esporte olímpico brasileiro, o COB também busca alinhar suas diretrizes a importantes discussões do mundo atual. Prova disso é a preocupação diária com temas recorrentes do universo ESG (Environmental, Social and Corporate Governance, em português Ambiental, Social e Governança).
Em 2023, por exemplo, a Comissão da Mulher do COB realizou o 1º Encontro Aberto, tendo como convidados os representantes das Confederações que atuam no desenvolvimento do esporte feminino nas modalidades olímpicas e pan-americanas. A iniciativa teve o objetivo de estimular a troca de conhecimento e boas práticas, além de promover integração por meio da rede de profissionais envolvidas com a promoção da Mulher no Esporte.
Também no ano passado, a entidade publicou a sua Política de Equidade de Gênero (PEG). O documento traça 20 diretrizes norteadoras, que devem ser colocadas em prática por meio de um plano de trabalho. Os objetivos são promover um ambiente institucional sem discriminação de gênero, fomentar o entendimento comum sobre questões relativas ao tema e boas práticas em prol da equidade, além de incentivar e apoiar a promoção da mulher no ambiente de trabalho, assim como em todos os níveis e estruturas do esporte.
Na área de sustentabilidade, o COB foi um dos finalistas da categoria inovação do IOC Climate Action Awards, prêmio oferecido pelo Comitê Olímpico Internacional. Ainda em julho de 2023, a entidade assinou seu compromisso com o Sports for Nature – S4N (Esporte pela Natureza, em português), tornando-se o primeiro comitê das Américas a assumir esse novo acordo.
Mais recentemente, lançou uma ação na Amazônia brasileira com o objetivo de impactar comunidades locais levando o projeto ‘Floresta Olímpica do Brasil’ para as cidades de Tefé e Alvarães, em ação que irá proporcionar o reflorestamento de 6,3 hectares de floresta em comunidades ribeirinhas, indígenas e quilombolas. A iniciativa contou com o reforço da medalhista olímpica do skate Rayssa Leal, embaixadora de sustentabilidade do COB, que esteve presente na Amazônia para o lançamento do projeto, do qual é madrinha.
Nos últimos anos, a principal instituição olímpica do Brasil também aprimorou o seu departamento de comunicação e marketing, criando novas formas de se conectar com o público e de transmitir os valores olímpicos.
Nas principais redes sociais (Instagram, Facebook, Linkedin, YouTube e TikTok), já são quase 5 milhões de seguidores. Só no YouTube, o canal do Time Brasil soma 80 millhões de views e 300 mil inscritos, que podem assistir conteúdos – que vão desde bastidores, informações, curiosidades, lives, melhores momentos até transmissões ao vivo – das mais variadas modalidades. Durante a realização dos Jogos de Paris 24, o canal vai ter ainda uma programação especial, que contará com grandes nomes do esporte brasileiro, como Galvão Bueno, e terá seis horas de conteúdo ao vivo todos os dias.
A entidade criou ainda no ano passado a feira COB Expo, megaevento que ajuda a fortalecer a marca e possibilita uma aproximação do praticante e do fã de esporte a todo o ecossistema do movimento olímpico. Em 2023, mais de 60 mil pessoas participaram da feira, que acontecerá novamente em 2024.
O cuidado com a história também não foi esquecido. Em 2018, o COB lançou o Hall da Fama, ideia do atual presidente Paulo Wanderley e que tem o intuito de enaltecer e eternizar o legado dos principais atletas olímpicos brasileiros. Até a presente data, 35 nomes já foram homenageados.
Todos esses movimentos fortaleceram a imagem da entidade, que passou a ser vista de outra forma pelas empresas. Nos últimos anos, o COB firmou novas parcerias, multiplicou seu faturamento com patrocínios e, em Paris, terá o maior número de patrocinadores de sua história. Ao todo são 20 marcas, sendo elas: XP, Medley, Mormaii, Vivo, Smartfit, Hemmer, Havaianas, Azul, Riachuelo, Subway, Grupo Águia, Peak, Estácio, NSports, Voke, Ajinomoto, Aliança Francesa, Aguiabranca, Max Recovery e New On.
A FUNDAÇÃO
Raul Paranhos do Rio Branco, filho do barão do Rio Branco e embaixador do Brasil em Berna, Suíça, recebeu convite do barão Pierre de Coubertin para integrar o Comitê Olímpico Internacional (COI) em 1913. Mais do que uma gentileza, o gesto significava uma declaração de fé no potencial esportivo da nação brasileira e dava início à história do país no Movimento Olímpico Internacional. O convite fez do embaixador o primeiro delegado do COI para o Brasil e provocou, nesse mesmo ano, uma campanha pública pela formação de um Comitê Olímpico do Brasil.
Em 30 de abril de 1914, Raul do Rio Branco enviou uma carta circular a inúmeros dirigentes esportivos brasileiros em que relatava formalmente o ocorrido. Como resultado, no dia 8 de junho do mesmo ano, os dirigentes de destaque do Rio de Janeiro se reuniram na sede da Federação Brasileira das Sociedades de Remo e, em assembleia, criaram o Comitê Olímpico do Brasil, chamado de Comitê Olímpico Nacional (CON). Na mesma ocasião, nasceu a Federação Brasileira de Sports (FBS), que dois anos depois passou a se chamar Confederação Brasileira de Desportos (CBD).
Vale lembrar que naquela época o COI não exigia a criação de um Comitê Nacional para que os atletas fossem autorizados a participar dos Jogos Olímpicos. De fato, poucos países tinham esse tipo de representação e o Brasil foi um dos primeiros da América a fundar a sua. A concepção simultânea das duas entidades evidenciava o sentido complementar de suas funções: centralizar e coordenar os esportes em âmbito nacional e representar o Brasil no cenário esportivo internacional (não somente para os Jogos Olímpicos, mas para as competições do calendário das federações internacionais). Ficou claro, portanto, que a iniciativa acelerou o movimento de organização do esporte no país.