Sob intervenção judicial desde abril de 2010, a Confederação Brasileira de Tiro Esportivo (CBTE) respondeu às críticas feitas pelo atleta Rodrigo Bastos, de 44 anos, um dos principais nomes da modalidade no Brasil, que lamentou o imbróglio na entidade em entrevista ao ESPN.com.br e afirmou que os praticantes do tiro vêm sendo muito prejudicados com a batalha jurídica entre os dirigentes.
O imbróglio no comando da CBTE começou nas últimas eleições, em março de 2009, quando a chapa derrotada entrou com uma liminar na Justiça para cancelar a assembleia e realizar um novo pleito. Pouco mais de um ano depois, em abril de 2010, a Justiça acatou apenas parcialmente o pedido e determinou que um interventor comandasse a entidade por três meses e convocasse novas eleições.
No entanto, o interventor, Paulo Antônio Guedes de Lima e Silva, ainda não organizou a nova eleição porque não há definição sobre as federações estaduais que estão aptas a votar. Lima e Silva assumiu no dia 19 de abril de 2010 como administrador judicial, mas não há prazo estipulado para que o pleito se realize. Em entrevista exclusiva ao ESPN.com.br, o comandante interino da CBTE rebateu as críticas de Bastos e garantiu que há normalidade no trabalho cotidiano dos atletas.
“O fato de termos uma administração judicial não altera em nada a parte esportiva. Eles continuam viajando, têm as passagens pagas pela confederação, os aparelhos, a munição… Então não houve problema nenhum nesse aspecto”, afirmou Lima e Silva. “Depois que o desembargador nomeou um administrador judicial que teria três meses para realizar uma nova assembleia, a parte perdedora entrou de novo com uma petição dizendo que as federações não estavam em condições legais de votar. O desembargador acolheu esse pedido, e estamos aqui esperando há um ano e quatro meses, torcendo para que isso se resolva logo”, explicou.
“Isso não é legal, não soa bem no mundo esportivo. Queremos que isso se resolva logo”, continua o interventor da CBTE, que não gosta dessa nomenclatura e afirma reiteradamente que é apenas um “administrador judicial”. Questionado se há alguma previsão sobre quando o imbróglio vai acabar, Lima e Silva demonstra ceticismo. “Os mais otimistas acreditam em 2013, com a nova assembleia convocada para o novo ciclo olímpico. Mas é impossível prever. Você sabe que essas questões da Justiça não são simples e costumam demorar”, diz.
O diretor técnico da CBTE, Ricardo Brenck, também contesta Rodrigo Bastos e faz coro ao discurso do interventor da entidade e também garante que a modalidade no país não parou, muito pelo contrário. “O nome intervenção judicial é pesado. Mas a maneira como está sendo conduzida essa intervenção é favorável. O interventor me apoia, me ajuda sempre. Não parou a confederação”, afirma. “É mais forte o nome do que o que está acontecendo. O único problema é que fica a dúvida sobre o que não pode, o que pode fazer… Mas a CBTE não parou.”