Faleceu hoje de complicações devido ao COVID, Eduardo Fernandes Ferreira, o Ferreirinha, como era conhecido carinhosamente entre os integrantes do Tiro Esportivo. Aos 79 anos e residindo em Fortaleza, ele deixa a esposa Elisa, companheira de muitos anos e as filhas Ana Elisa e Alice
Em 1º de dezembro de 1941 nascia no Rio de Janeiro, Eduardo Fernandes Ferreira, filho de Silvino Fernandes Ferreira, atleta habilidoso na pistola com diversos títulos nacionais e internacionais, sendo fonte de inspiração no esporte para Ferreira.
Eduardo estreou no Tiro Esportivo como atleta de Carabina representando o Fluminense, que se tornou seu clube de coração por toda a sua vida. Foi recordista e campeão brasileiro da CBTE e nas Forças Armadas por inúmeras vezes, participando de diversos eventos internacionais.
No Exército se formou em 1964 na Academia Militar das Agulhas Negras, fez diversos cursos de graduação passando pelo comando de Grupo de Artilharia, Chefe do Estado Maior da 10ª Região Militar e Comandante e Diretor do Colégio Militar de Fortaleza, se aposentando como Coronel de Artilharia.
No Tiro Esportivo atuou como dirigente sendo presidente da Federação Carioca de Tiro, Diretor de Tiro da Federação Paraibana e da Federação Gaúcha, Vice-presidente da Federação Brasiliense e da Confederação Brasileira de Tiro Esportivo por dois mandatos e Presidente da Federação Cearense de Tiro. Ferreira era comprometido com o esporte e para onde quer que fosse em sua carreira militar, se apresentava às entidades locais para ajudar e logo estava à frente das atividades. Chefiou diversas delegações da CBTE no exterior na gestão de Durval Guimarães.
Nos últimos anos atuava com árbitro em eventos da CBTE e da Federação Maranhense de Tiro Esportivo que o apoiou e onde ele teve espaço para produzir diversos artigos sobre o Tiro Esportivo. Ele desenvolveu um trabalho minucioso que gerou conteúdo para seções como Fundo do Baú, que contava a história do esporte no Brasil e no Mundo, Galeria de Honra que fala em detalhe sobre a vida dos grandes campeões do tiro, Colunas de Tiro que dão sua impressão sobre os diversos acontecimentos do passado e do presente e as Fichas Técnicas, que compilam os resultados históricos dos principais atletas do Tiro Esportivo de todas as épocas.
“Ele foi para Federação Maranhense nos ensinar e nos apoiar. É o nosso padrinho no tiro! Ele se tornou um grande amigo e onde muito foi produzido por ele. Eu gosto de chamá-lo de Guardião do Tiro Esportivo porque ele realmente foi o cara que fez questão de registrar tudo e passar para frente. Ele deixa um grande legado.”, confirma Wissam Maalouf, Presidente da FMTE em um depoimento emocionado.
Ferreira era sem dúvida o principal historiador brasileiro. Detentor de uma memória incrível acumulou documentos e fotos que contam a história do Tiro Esportivo, e que serviram de base para todos os seus relatos.
“Era apaixonante falar com o Ferreirinha… toda vez que eu tinha uma dúvida sobre nossa história para completarmos um trabalho, não hesitava em ligar para ele, que com seu jeito carinhoso e prestativo, me fazia mergulhar fundo em nosso passado e nas recheadas histórias de nosso esporte”, confirma Mauricio Fernandes da CBTE.
Ficou também conhecido por suas grandes obras literárias sobre o Tiro. Começou com o “A Técnica do Tiro ao Alvo com Armas Longas” em 1974, seguido do “Tiro ao Alvo” em 78 e da “A História do Tiro ao Alvo” em 1986 patrocinado pela Taurus. Em 1996 lançou o “Franco-Atirador” pelo Estado-Maior do Exército seguido do “Normas para a Organização das Provas de Tiro” pela Federação Cearense que ganhou uma nova versão ampliada e melhorada em 2008 intitulada “Manual de Organização de Provas de Tiro” lançada pela Federação Maranhense. Mais recentemente em lançamento na sede da CBTE em abril de 2017 do “A História do Tiro Esportivo” que teve a edição paga pela entidade em homenagem a Ferreira por todo o seu trabalho. Na época, Durval Balen, Presidente da Confederação fez questão de discursar para os presentes que o livro deixaria marcado na história os principais acontecimentos de nosso esporte, desde a influência do Barão de Coubertin para a criação dos Jogos Olímpicos da Era Moderna até a conquista da medalha de Prata de Felipe Wu em 2016 nos Jogos do Rio de Janeiro.
Ferreira deixará uma lacuna no Tiro Esportivo, mas fica uma história de vida que influenciou muitos adeptos do esporte, e que ainda renderá muitos frutos. A CBTE se enluta e sente a perda de seu valioso membro, e faz uma moção de apoio aos familiares e amigos neste momento tão difícil para todos.