Começamos mais um belo dia, acordando cedo para o café da Vila Olímpica e assim podermos chegar com boa antecedência ao estande. Thais Moura, programada para atirar na segunda turma, teve tempo para o treinamento em seco nas salas de concentração, que foram disponibilizadas às delegações, onde dividimos uma delas com o Kazaquistão. A organização não concluiu a tempo a instalação dos alvos eletrônicos e a competição foi desenvolvida em alvos de papel, o que trouxe um elemento surpresa a grande maioria dos atletas, que hoje treinam em alvos eletrônicos. Com isso o tempo de troca de alvos causou perda do ritmo de tiro de muitos atletas.
No momento da sua prova, Thais preparou-se bem. Ligeiramente tensa mas concentrada, fez um bom ensaio e inicou a prova com 95. Na segunda série manteve o ritmo até desconcentra-se e fazer um 7 no último tiro, fechando 93. Mas, certa de que sua técnica estava produzindo o seu melhor, não se alterou. Na quarta série, o agrupamento principal ainda foi o mesmo, mas com incidência de notas 8 acabou fechando em 90. Na última série, com dificuldade em manter a concentração pela movimentação em torno de si, seu agrupamento se desfez e abriu lateralmente. Mesmo finalizando a série com 7 e 8, fechou com 90. Seu resultado final foi 368 pontos, o que lhe deu o 43° lugar entre as 62 competidoras. A campeã, indiana, estabeleceu nível bastante alto e marcou 388 pontos seguida por 387 e 386.
Na seqüência entrou Felipe Wu, com a primeira turma do masculino. Sua habitual preparação, muito concentrado, lhe permitiu um ensaio crescente, onde o agrupamento começou baixo e foi sendo corrigido cuidadosamente. Embora as três primeiras séries tenham apresentado um ótimo agrupamento, algumas falhas de acionamento lhe custaram alguns pontos, resultando em 94 , 96 e 98. Na quarta série resolveu os erros maiores, mas o agrupamento abriu um pouco, aumentando a incidência da pontuação 9 e fechou com 94. Na quinta série recuperou a concentração de tiros e fechou com 96. Na série final, apesar da pressão e do clima tenso provocado por vizinhos ucranianos descontrolados, Felipe não se abateu, mas duas falhas nos últimos tiros lhe geraram um 8 e dois 9, fechando a série com 95. Resultado final 573 pontos e 19° colocação. A prova foi dominada por chineses e coreanos que obtiveram 586, 585, 585 e 584, sendo que o oitavo lugar entrou na final com 578. Foi uma prova muito equilibrada entre os 30 primeiros colocados, onde cada ponto perdido custava de 5 a 6 posições.
Nossos dois atletas representaram bem o Brasil, para a satisfação da CBDU, que nos acompanhou e valorizou o forte espírito de convergência para estabelecermos o Tiro Esportivo na cadeia do Desporto Universitário. Como técnico desta equipe brasileira, devo frisar que estou bastante orgulhoso pelo exemplar comportamento dos 3 atletas durante a competição e o compromisso com os resultados, mas também quanto à Delegação e a responsabilidade de vestir as cores brasileiras. Acompanhar atletas brilhantes como Guilherme Maurina, Felipe Wu e Thais Moura, foi um exercício de responsabilidade dobrada, ao que espero ter cumprido, e agradeço a CBTE pela confiança em mim depositada.
Richard Ewald